Por HBELLO – 05/05/2006
THE VALUE OF DECEPTION
A essência do poker é dar “raise” quando se tem uma boa mão e “fold” quando se tem uma mão ruim. Mas o que acontecesse se seguimos a essência? Vamos supor que temos um flush no flop, sendo a melhor atilde;o
que se pode ter naquele momento. Você dá raise e todos dão fold. Você ganhou um pote pequeno com uma mão que poderia ter ganhado um pote enorme.
THE COST OF GIVING YOUR HAND AWAY
Esse exemplo nos traz a um dilema no poker. Você quer maximizar seus ganhos e minimizar suas perdas. Quanto lhe custa quando você joga de uma maneira que seus oponentes saibam o que você tem nas mãos? A resposta para essa pergunta está no Teorema Fundamental do Poker, que diz que “Toda vez que seus oponentes jogam suas mãos diferentemente da maneira que eles jogariam caso pudessem ver suas cartas, você ganha, e toda vez que eles jogam suas mãos da mesma maneira que eles jogariam caso pudessem ver suas cartas, você perde”.
O Teorema fundamental indica que quando você joga de uma maneira que permite seu oponente saber o que você tem, isso lhe custa substancialmente caro. Se o oponente sabe exatamente o que você tem ele nunca vai cometer erros. Quanto mais você joga revelando o que você tem, menos seus oponentes irão cometer erros. E o que você deseja é que eles o cometam. Criar erros e enganos é em essência o objetivo do jogo. Você então não dá raise imediatamente com o seu flush nut, pois não quer que seus oponentes saibam o quão forte é sua mão. Você quer ganhar mais dinheiro deles nas últimas rodadas de apostas. Ao mesmo tempo, nunca dar raise com uma grande mão pode ser um erro também.
Um exemplo interessante de erro aconteceu no World Series of Poker de 1977 numa mão com dois jogadores clássicos. Doyle Brunson e Bones Berland. O jogo era o No Limit Hold’em. Brunson tinha aproximadamente 20.000 em fichas e Berland 50.000. Antes de flop Berland deu “raise” grande numa early position e Doyle pagou com um par de damas na mão. O flop veio J, 5, 2. Novamente Berland apostou solidamente e Brunson o pagou. No turn veio uma outra carta baixa e Berland apostou fortemente, aproximadamente para colocar Brunson all in. Doyle pensou, pensou e pensou e finalmente pagou.
Muitas pessoas pensaram que Brunson jogou incorretamente em dar “call” com par de damas. Berland não estava envolvido em blefar nessa situação. Esses críticos achavam que havia uma grande chance de Berland estar com AA ou KK e havia outras mãos que o par de damas de Brunson não poderia vencer. Da maneira que ele jogou, a única mão que faria Berland ser batido seria um AJ, um top pair com ás de kicker
Quando Bones mostrou suas cartas ele tinha precisamente um AJ. Brunson venceu a mão com QQ e ganhou o campeonato daquele ano. A resposta de Brunson para seu arriscado “call”. “Bem, disse ele, Bones não poderia ter AA ou KK, pois ele não entraria de “raise” numa early position com esse tipo de mão pré flop. Ele apenas pagaria, esperando dar “reraise” jogando “slowplay”.
Esse é um caso onde um top player sabia informação de outro e adaptou seu estilo de jogo apropriadamente. No no-limit hold’em é geralmente correto jogar “slowplay” numa early position com AA ou KK. Entretanto como Berland sempre jogava esses pares da mesma maneira, a informação que ele deixou transparecer foi muito mais dispendiosa do que o dinheiro que ele calcularia ganhar jogando com AA e KK sempre da mesma maneira.
DECEPTION AND THE ABILITY OF YOUR OPPONENTS
A questão é quando jogar diretamente e quando induzir seu oponente ao erro. O critério mais importante para tomar essa decisão é a habilidade de seus oponentes. Se você tem uma mão boa numa primeira rodada de apostas você não deve deixar o “raise” para as últimas rodadas contra jogadores resistentes, mas contra jogadores fracos, é melhor fazer uma aposta extra para fazê-los pensar que sua mão é mais forte do que realmente é.
Se você está jogando contra jogadores medíocres, você não ganha o suficiente induzindo-os ao erro para justificar o custo de fazê-lo. Contra esses jogadores, deve-se dar “raise” quando se acha que tem a melhor mão, e não apostar com uma mão ruim contra eles que não dão “fold” nunca. Quando se pensa em induzir o adversário ao erro, deve-se pesar a habilidade de seus oponentes contra o custo de um “extra bet”.
DECEPTION AND THE SIZE OF THE POT
Outro critério de como tomar essa decisão é o tamanho do pote. Quanto maior o pote for se tornando, cada vez
menos importante será disfarçar sua mão, mesmo porque os bons jogadores não irão desistir facilmente dessa mão, pois eles terão pot odds e dificilmente darão “fold”, tornando desnecessário o disfarce. Quando o pote se tornar grande, você não deve pensar em induzir seu adversário ao erro.
DECEPTION AND BET SIZE
São conceitos relacionados. O uso da indução ao erro do adversário e o tamanho da aposta. Se as apostas
iniciais forem muito menores do que as últimas, é melhor não dar “raise” com uma grande mão.
Espere, pois se os adversários não desistirem no início, eles o farão quando as apostas crescerem substancialmente nas últimas rodadas de apostas. Você deve querer mais ação com suas grandes mãos jogando-as “slowplaying”.
Se há uma grande diferença entre o tamanho das apostas de uma rodada para outra, com uma mão ruim você deve sim dar “raise” nas primeiras rodadas para criar a impressão errada quando as apostas estiverem altas. Então não se deve considerar apenas o montante no pote no momento, mas ainda o valor das apostas agora comparado ao valor que elas terão depois. Você pode dar “check” numa rodada inicial com uma grande mão esperando grandes apostas nas rodadas finais, ou de outro modo, pode apostar com uma mão ruim no início, esperando que seus oponentes dêem “check” nas próximas rodadas para dá-lo “free cards”.
DECEPTION AND THE NUMBER OF OPPONENTS IN THE POT
Jogando com “patos”, com um pote grande, e com grandes apostas nas rodadas iniciais, você não precisa se interessar em disfarçar sua mão. Quanto mais jogadores estiverem lutando pelo pote, menos você ganha disfarçando sua mão. Custa-se muito fazer isso. Você não está apto a fazer todo mundo dar “fold” quando aposta com uma mão ruim e custará muito perder apostas com uma mão boa. Ainda quando você permite muitos jogadores uma “free card”, suas chances de ser batido aumentam muito, principalmente por quem estava esperando quedas. No heads up disfarçar sua mão é muito mais necessário do que em potes disputados por vários jogadores.
Vamos a um exemplo:
Você está com AA que é a melhor mão possível numa no limit hold’em. Você dá um pequeno “raise”, quatro ou cinco pessoas pagam (call) e agora alguém dá um substancial “reraise”. Você deve dar “reraise” novamente mesmo que isso o faça ser lido completamente pelos outros jogadores. Disfarçar a mão nesse momento torna-se errado, pois o que está no pote no momento conta mais do que as apostas em potenciais nos rounds futuros.
RESUMINDO:
A regra geral é: Quanto melhor forem os jogadores e menores os potes, mais se disfarça sua mão quando há
mais cartas por vir. Quanto piores os jogadores e maiores os potes, mais se joga a mão normalmente desconsiderando se está sendo “lido” ou não.
Às vezes jogar sua mão normalmente pode ser a melhor maneira de se disfarçar uma grande mão e induzir seu adversário ao erro contra jogadores resistentes e que esperam que você a disfarce.
1 – Você está jogando contra grandes jogadores ou “super readers”
2 – O pote é pequeno em comparação às apostas futuras.
3 – A rodada de apostas presente é pequena em comparação às futuras.
4 – Você está jogando apenas contra um ou dois oponentes
5 – Você está jogando “slowplaying” uma mão monstruosa
As duas primeiras são mais significantes. Não é necessário que todas apareçam juntas para se induzir o adversário ao erro, mas é recomendável que pelo menos três das cinco estejam presentes e pelo menos uma das duas primeiras.
Não use “deception” contra jogadores ruins, contra muitos jogadores, quando o pote está grande ou quando as apostas iniciais estiverem grandes. É especialmente importante jogar uma boa mão de maneira agressiva quando o pote está grande. A única exceção é quando você tem uma mão que não pode ser vencida, aí valerá a pena esperar as rodadas antes de agir.
Você deve jogar cada mão de cada sessão da maneira que o fará ganhar mais dinheiro e perder menos (exceto quando você intencionalmente joga uma mão erradamente para criar uma impressão ruim e usar disso um artifício nas futuras mãos). Sempre se lembre do TFP, quanto mais o oponente sabe sobre sua mão, menos ele cometerá erros. Entretanto, há situações que induzir ao erro pode custar caro e jogar diretamente é melhor. Nós iremos discutir essas situações no próximo capítulo.