Check Raise: Quando Usar Essa Arma?

Por Raul Oliveira30/09/2008

Essa pra mim é uma das jogadas mais difíceis de se chegar a uma conclusão se usá-la em determinado momento é o certo ou não. Eu mesmo por muito tempo como jogador de Limit utilizei-a por muitas vezes até que certo dia me perguntei se o que estava fazendo aumentava meu lucro ou apenas embelezava minha jogada. E para ser sincero em certas situações até hoje tenho duvidas.

Sei que hoje a modalidade de NL Hold’em tomou conta do mundo todo, mas como jogador de limit game vou basear meu artigo nessa modalidade, mas não deixando de comentar o check raise na NL. Antes de falar sobre a jogada gostaria de expor a dificuldade da mesma, já que ela está ligada a dois pontos cruciais: primeiro o bordo e o segundo o adversário. Sei que sempre falo da variante adversário, mas para se tornar um grande jogador de hold’em ela é a variável mais importante a ser dominada.

Logo, fica fácil de entender o porquê de ser uma jogada tão complexa, já que tanto o bordo quanto o adversário têm inúmeras possibilidades de combinação. Dando um exemplo do que estou falando vamos a uma mão que aconteceu comigo numa $30-$60.

Na mão em questão meu adversário era um jogador extremamente agressivo.

Minha mão era 88 e no pré-flop abri raise no UTG e ele me deu re-raise no dealer. Como ele era um jogador muito agressivo dei cap pensando que podia ter a melhor mão alem de querer ter o controle da ação. Todos os outros jogadores deram fold. O flop vem 8 5 2 rainbow. Eu aposto e ele call, no turn um As e agora a dúvida eu aposto ou aplico um check raise nele? Vamos ao raciocínio: por ele ter apenas me dado call no flop, existem boas chaces dele ter um AK, AQ, AJ ou ainda um AT. Caso ele tivesse um par acima era quase certo que ele me daria raise no flop. Pensando assim, se eu desse check ele apostaria eu daria raise ele pagaria e pagaria o river me dando 3 bets caros de lucro. Agora… Sabendo que ele é um jogador agressivo, se eu apostasse aqui ele iria me dar raise caso tenha o As e eu poderia dar 3 bet e mais o bet do river, ganhando assim 4 bet caros e não 3, que foi exatamente o que fiz.

Agora mudando o estilo do jogador para um jogador passivo, por eu ter dado cap no flop posso imaginar que caso eu aposte no flop ele apenas vai me pagar somado ao bet do river vou ganhar 2 bets caros, mas caso eu abra check ele com um As irá apostar e com o check raise como já vimos eu ganharia 3 bet caros. Com esse exemplo fica claro a importância de quem estamos jogando contra antes de se tomar uma decisão como essa.

Esse exemplo que dei foi numa situação onde o intuito ao aplicar o check raise era aumentar o lucro da mão, agora o check raise também é usado para se blefar ou ainda tentar encerrar a mão mais cedo, vamos a um exemplo de cada.

Você esta no big blind com AJ e o delaer da raise na mão, você resolve só completar o raise, o flop vem 7 5 2 você abre check seu adversário aposta e você volta um raise, com esse bordo baixo e você só tendo completado a mão, fica difícil para ele imaginar que o flop não foi bom para você, normalmente ele irá completar o seu raise mas caso não acerte o turn irá largar a mão. Jogando assim você blefa de forma bem mais forte do que se saísse apostando, já que saindo apostando caso ele volte um raise, o que é bem provável você que ficará dependendo de acertar o turn.

Vamos ao outro exemplo, você abriu raise com 99 no pré-flop e dois jogadores que falam depois de você pagaram seu raise. O flop vem 8 4 2, excelente para você, mas você sabe que saindo dando bet por se tratar de limit game a chance de os dois te pagarem é muito alta e no turn são grandes as possibilidades de vir uma carta ruim para você. Por isso uma jogada boa aqui é abrir check, provavelmente eles vão-te por em AK ou AQ e um dos dois irá apostar, você aplica o check-raise e na maioria dos casos eles não irão até o river largando a mão no turn. Caso você saísse apostando se o primeiro pagasse o 2º pagaria com quase todas as mãos devido aos odds que ele teria e mesmo que o turn fosse bom para você, uma outra carta baixa, corre o risco novamente de ser pago pelos dois caso o primeiro pague minimizando bastante a chance de você levar essa mão.

Apesar de ter falado sobre o Limit Game os raciocínios também podem ser usados no No Limit, mas por se tratar de um jogo sem limite de aposta a figura muda um pouco. O primeiro ponto perigoso do check raise no No Limit é dar um free card pro adversário, o que acontece muito menos quando falamos de Limit Game. Porque no No Limit muitos jogadores se defendem em posição dando check com mãos boas mas não muito fortes. Então quando for utilizar o check raise na No Limit tenha bastante convicção que seu adversário irá apostar, pois caso contrário estará dando a ele um free card que pode acabar te complicando. Mesmo nos jogos No Limit o check raise no flop costuma funcionar, porque como normalmente o pote ainda esta baixo no flop seu adversário na maioria das vezes irá arriscar um bet tentando levar o pote. Já no turn a jogada nem sempre vai funcionar. E no river para utilizá-la é preciso ter uma leitura clara do que seu adversário tem, alem de ter uma boa noção da forma com que ele joga.

Um outro ponto muito importante se tratando de No Limit é saber que toda vez que utilizar o check-raise caso seja pago será gerado um pote bem alto então é bom já ter em mente o que fazer no turn caso tome call, tente olhar um passo a frente quando o fizer, senão em alguns casos não saberá como dar seqüência a mão.

Um outro aspecto que penso ser valioso na utilização dessa jogada, independente da modalidade é que jogando assim você deixa seus adversários com uma leitura mais complicada de você. E ainda em alguns casos conseguirá free cards a seu favor já que ao dar check eles não terão certeza se é um sinal de fraqueza ou uma armadilha.

Por último o check raise passa uma imagem na mesa de um jogador forte com criatividade, por isso nunca deixe de utilizá-lo, mas tente sempre usa-lo para que seus ganhos aumentem e não para que sua jogada fique mais bonita.

Um grande abraço a todos.

Artigo publicado na Revista Card Player Brasil