É muito comum entre principiantes, e aqueles que só agora ingressam no mundo do poker via Internet, questionarem o fator competência versus a sorte. Alegam que a segunda é fundamental para o sucesso do jogador, já que as regras são por todos conhecidas. A eles afirmo, sempre que tenho chance, que a comparação seria achar que um excelente vinho com pedigree é igual a um suco de uva aguado preparado em casa.
Comparar as técnicas usadas por um jogador de poker com as de um sonhador, que aposta em um número na roleta, é achar que um Ronaldinho Gaúcho não faz diferença. Alguns jogos, como o bridge, xadrez, gamão, poker e outros exigem competência, estudo e muita prática. Os chamados de azar são basicamente aqueles em que a ação do jogador limita-se a apostar e rezar muito para que a sorte o visite naquele momento. Não existe técnica.
Em um jogo de poker, um bom jogador, com a experiência e talento de um C.Kruel, R.Oliveira, Akari e outros, pode, em um dia de pouca sorte, sair vencedor, dando a volta no azar. Aquele que confiar somente na sorte, relegando o segundo plano a técnica, o momento e a posição de apostar, certamente perderá 28 dias, empatará um e ganhará pouco nestes dois dias de “sorte”. É comum histórias de que um 7-2 não suited vencer um par de azes e outras semelhantes.
Quem joga poker razoavelmente bem sabe que isto acontece, mas tem a certeza de que o par ganhará 85% das vezes, deixando os 15% para os adeptos da sorte. Não é nem nunca será uma questão de sorte e sim de probabilidade matemática. Hipoteticamente falando, sugiro aos apreciadores da tese da sorte a seguinte experiência. Pegue-se, por exemplo, um jogador do nível dos citados acima e o faça disputar, durante trinta dias, um mesmo numero de torneios, com cartas e fichas iguais. O resultado será gritante. E é alias por esse motivo que os EUA ainda não conseguiram afirmar categoricamente ser o Poker um jogo de azar.
Se algum conselho merece ser dado aos adoradores da sorte, sugere-se a leitura constante dos artigos e blogs do Clube do Poker, e de outras revistas eletrônicas especializadas (a maioria em inglês), e a prática constante nos torneios e mesas do PartyPoker, o mais sério e estruturado site de Poker do mundo. A prática constante leva sempre ao aprimoramento e, por conseqüência, à excelência. Se as autoridades brasileiras tivessem uma visão menos ortodoxa em relação à permissão de alguns jogos no Brasil, em especial os que não envolvem azar, certamente algumas cidades com vocação turística poderiam tornar-se verdadeiros paraísos de arrecadação de divisas, uma vez que o Poker hoje jogado na Internet e na maioria dos Cassinos com visão atinge um público rico e específico que cresce em proporções exponenciais.
