Por Equipe CDP – 13/08/2007
Defendendo-se contra a “Aposta Contínua” (Parte I)
(by Dan Harrington)
Harrington on Hold’em Volume II
Já que o “Aposta Contínua” é uma poderosa arma estratégica do no limit hold’em, o que você pode fazer quando está do outro lado do que parece ser um “Aposta Contínua?” Qual é a melhor defesa?
A primeira parte de uma defesa bem sucedida é o conhecimento. Quando se está estudando a mesa, em mãos em que não se está diretamente envolvido, uma das coisas mais importantes é observar como os jogadores se comportam em situações onde o “Aposta Contínua” se encaixaria como uma possível estratégia. Com que freqüência após tomarem a iniciativa da aposta pré-flop os adversários apostam pós-flop? Quantos dessas apostas ficam em torno de metade do pote? (geralmente o “Aposta Contínua” é utilizado e otimizado como metade do pote). A maioria das apostas fica em torno desse valor ou são maiores? Ou eles preferem apenas os “probe bets” (de ¼ à 1/3 do pote).
Quando se está observando, tenha em mente o fato de que a maioria dos flops não ajuda a maioria das mãos. Se você percebe que um jogador em particular toma a iniciativa pré-flop e quase sempre aposta depois do flop, provavelmente algumas dessas apostas serão simples blefes, já que ele geralmente não melhora a mão dele com o flop.
Um jogador resistente por definição é mais difícil de ser lido depois do flop. Se ele mostrar força pré-flop, ele provavelmente apostará em 50 ou 60% das vezes depois do flop e suas apostas não serão padronizadas em torno de metade do pote. Haverá algumas apostas do tamanho do pote, algumas “probe bets” e algumas com valores maiores do que o pote para se configurar um mix de apostas. Contra esse tipo de jogador você terá que usar o seu melhor julgamento e possuir uma mão realmente boa para continuar no jogo.
Mais uma coisa para se considerar: “Aposta Contínuas” é uma boa tática contra um jogador ou no máximo dois. Se um jogador competente apostar pré-flop for pago por três ou mais oponentes e apostar novamente no flop, ele certamente tem algo nas mãos e está dando valor à sua mão (value bet) e não usando o “Aposta Contínua”.
Agora vamos ver alguns casos interessantes. Seu oponente que apostou antes de flop, aposta novamente o que seria um “Aposta Contínua” depois do flop. Você é o único adversário dele. Pelo que você vem observando, esse seu oponente usa o “Aposta Contínua” com certa freqüência na mesa após o flop não o ter ajudado. Como proceder? Didaticamente, analisaremos situações distintas em 3 casos.
CASO 1: O FLOP TE DÁ UMA MÃO MONSTRUOSA
Esse é o melhor caso para se analisar. Se você “flopou” uma seqüência, ou uma trinca, ou nut flush, como extrair o máximo de dinheiro possível de seu adversário?
A jogada padrão aqui é um simples “call” no “Aposta Contínua”, esperando que seu oponente tenha alguma coisa em mãos e continue apostando no “turn” ou que ele consiga alguma carta no “turn” e que pague alguma aposta sua na próxima rodada. Se ele apostar no “turn”, você irá ter ganhado no mínimo aquela aposta, mais a possibilidade dele ir apostando até o final com você.
A outra jogada é dar “raise” no “Aposta Contínua”. Se ele não tiver nada em mãos, ele jogará fora naquele momento. (Isso parece ruim para você, mas tenha em mente que se ele não tiver nada até esse ponto, você não extrairia muito dinheiro dele de qualquer maneira com essa mão). Se ele tiver algum jogo, um par ou uma queda, ele pode dar “call” nessa aposta. A quantidade de dinheiro que você vai fazer vai depender da qualidade da mão que ele tenha e do que vier no “turn”.
Das duas jogadas, o simples “call” é tecnicamente melhor contra a maioria dos oponentes, já que em média ela o fará ganhar mais dinheiro caso os seus adversários não sejam bons observadores. No caso de eles serem bons observadores você terá que variar entre os dois tipos de defesa. Eu recomendo uma variação randômica de 2/3 usando “call” e 1/3 o “raise”. Note uma importante exceção: Se um ás vier no flop, haverá uma chance um pouco acima da média de seu oponente estar apostando com um par de ases. Nesse caso você deve dar “raise” na aposta dele e estar preparado para colocar todo o seu dinheiro no pote no “flop” ou no “turn”.
Há um caso um pouco mais complicado, que acontece quando você “flopa” um flush que não é o “nut”. Vamos dar uma olhada no exemplo:
Exemplo 2. Blinds $50/$100. Um jogador conservador e sólido numa posição no meio da mesa aposta $300. Pelo que você vem observando, ele parece estar com duas cartas altas, mas poderia estar também com um par alto. Você decide dar “call” no “button” com T 9 o que é um pouco atípico, mas você o faz para variar suas jogadas. Os blinds dão “fold”. Somente vocês dois estão na disputa pelo pote, que agora tem $750. Cada um de vocês tem $8.000 fichas restantes. O flop vem Q 7 3 . Ele aposta $ 400. O que você deve fazer?
Você conseguiu um flush, mas não é o “nut flush”. Você deve jogar de maneira “slowplay” e dar apenas “call”? É uma idéia, mas há alguns problemas.
Você pode já estar perdendo caso seu oponente tenha apostado com A J ou A K antes do flop. (Um ás + uma carta pequena, ambos de copas é um pouco improvável para um oponente sólido). É pouco provável, mas deve ser considerado.
Seu oponente está disposto a apostar com esse bordo. Esse fato faz com que seja mais provável que ele esteja com cartas altas, mas apenas uma carta de copas ao invés de cartas altas sem nenhuma de copas. Agora você deve considerar a possibilidade de seu oponente ter uma queda para flush que não somente o vencerá, mas o fará perder todas as suas fichas.
Resumindo, jogar “slowplay” com “call” nesse caso é muito perigoso. Eu assumiria que meu oponente está apenas com uma carta de copas e faria uma aposta que ele não pagaria caso estivesse vendo minhas cartas. Suponhamos que ele esteja com A Q . Então 6 cartas de copas já foram contadas e restam 7 no baralho nas 45 cartas que ainda não foram vistas. O odds do meu oponente para vir uma carta de copas no “turn” é de 38-7, aproximadamente 5,5-1. Com o pote contendo $1.150, você deve pagar a aposta dele (fazendo o pote ir para $1.550) e dar “raise” de mais $750. Agora ele terá 3-1 de odds para pagar sua aposta, o que não é o suficiente se ele soubesse que o flush é seu único “out”. Se ele pagar, de qualquer maneira estará cometendo um erro, que é o que você quer independente de como terminará a mão.
No próximo texto, analisaremos o 2º caso (O flop o ajuda, mas não lhe dá uma mão tão boa) e o 3º caso (O flop não o ajuda em nada).