Doze Provérbios Sobre Blefes – Parte 4

Renzo Margotto

Vimos anteriormente que blefar contra jogadores tight é mais seguro que blefar contra jogadores loose. Também tiramos algumas lições sobre quando e como é melhor blefar em cima de cada tipo de jogador, descobrindo que os blefes também possuem uma relação com as cartas da mesa e com o range dos nossos oponentes.

Vejamos o que nos ensinará agora o quatro provérbio de Lessinger…

4. Pôquer é um jogo de informação.

Jogadores vencedores conseguem informações vitais sobre os seus oponentes sem fornecerem informações sobre o seu próprio jogo. Da mesma maneira que isso é verdade à respeito de se jogar um pôquer vencedor, também é um no que diz respeito ao blefe. A qualquer hora que você faz um blefe sem muitas informaçòes, você somente está especulando. Você está apenas dando um tiro no escuro esperando que seus oponentes não paguem.

Você nunca desfrutará de sucesso no longo prazo blefando deste modo. Você precisa fazer todo um esforço para colher informações sobre seus oponentes e sobre seu estilo de jogo. Se você pode determinar que pelo menos que um deles têm uma mão forte, economizará suas fichas para outra ocasião. Mas se você sabe que os oponentes estão fracos, então poderá atacar lucrativamente.

Entretanto, você terá que ter cuidado com que tipo de informação seus oponentes estão pegando de você. Se você estiver blefando, você não lhes pode permitir sentir fraqueza na sua mão. Se possível, passe falsas informações. Quando apostar, lhes dê razão para acreditar que você tem um monstro, quando na realidade você tiver lixo.

Se você consegue passar falsas impressões ou até mesmo não passar informações sobre o seu jogo, enquanto colhe dados precisos sobre seus oponentes, você se tornará um blefador bem lucrativo.“*

Aqui a lição é simples: tenha um “método” ao invés de blefar por instinto. Esqueça a última frase do texto que diz “Quando apostar, lhes dê razão para acreditar que você tem um monstro, quando na realidade você tiver lixo”. Nem você precisa ter um lixo e nem o seu oponente precisa acreditar que você tem um monstro.

Como aprendemos anteriormente, o que você precisa de ter é uma mão cujo valor de confrontação seja menor do que as possíveis mãos que seu oponente pode segurar. Porém, para que ele largue a mão, não necessariamente precisará acreditar que você tem um monstro. Basta ele pensar que você tem um jogo melhor que o dele, como vimos nos artigos anteriores.

O all-in é uma aposta muito forte e hoje em dia existe uma tendência muito grande de ir all-in no river. Realmente é uma jogada muito forte. Com a tendência de os jogadores manterem os potes pequenos, fica muito fácil perceber quando alguém tem uma mão com showdown bom, mas não tão alto. Quem tem nuts (ou busca draws para o nuts) vai procurar sempre crescer o pote e não deixá-lo pequeno. Logo, ao deixá-lo pequeno o jogador acaba denunciando o valor de showdown duvidoso da mão.

Por conta disso, o all-in no river acaba colocando um pressão muito grande em cima de alguém que tem uma mão de showdown value duvidável. E essa pessoa acaba jogando a mão fora. Não que eu esteja dizendo que você deve blefar indo all-in no river, muito pelo contrário… Estou dizendo que essa é uma tendência forte nos MTTs on-line hoje em dia e que é uma jogada que tem os seus motivos e que efetivamente funciona.

Porém, lembrem-se que quem aposta muito blefando e pouco quando tem jogo, vencerá potes pequenos e perderá potes grandes no longo prazo. Por isso existe sempre uma necessidade de equilíbrio nas estratégias.

*Tradução nossa de LESSINGER, Matt (2005) – The Book Of Bluffs. 1ª ed., New York: Warner Books, p.3