Em um MTT, é mais importante adotar a estratégia certa do que fazer jogadas geniais

Por Felipe Martins17/01/2008

Em um MTT, é mais importante adotar a estratégia certa do que fazer jogadas geniais.

Atualmente, com a já famigerada expansão mundial do poker nos últimos tempos, as premiações dos MTTs estão cada vez maiores. E hoje a maioria dos jogadores se focam nesse tipo de torneio por causa do alto índice de variância no cash game, e pela forma mecânica como exigem serem jogados os sit n gos. Além disso, qualquer um pode ganhar uma bela quantia num único multitable onde as coisas deram certo. No entanto, muita gente acaba se perdendo nos MTTs por falta de paciência, ou por não saber exatamente definir a melhor estratégia para cada estágio do torneio.

Quero deixar claro desde já que em torneios desse tipo adotar a estratégia certa para cada estágio do torneio é bem mais determinante para um bom resultado do que uma jogada genial, ou um super call no river. A primeira dica deste artigo é quando estiver adiante de uma decisão que você considera realmente complicada, procure na maioria das vezes optar pelo fold, pois quanto mais complicada for a decisão, menor será o índice de retorno a longo prazo dessa jogada em relação à outras situações mais simples. No longo prazo é a adoção da estratégia certa o que conta mais.

No começo de um MTT, como você possui muitas fichas em relação à aposta mínima, não existe uma pressão para que você se mova logo. Nesse estágio, é consenso entre os grandes jogadores que você não deve arriscar todas as suas fichas em situações marginais, especialmente quando você tiver uma boa, mas não ótima mão (em early stages nao se apegue nem um pouco a um AQ, por exemplo). No início pense sempre em termos de sobrevivência. O que pode-se fazer para tentar subir é ver flops baratos, tentando flopar nuts, ou pelo menos um jogo mais forte como trinca ou duas duplas. Em middle stages aconselha-se também jogar de forma tight, pois os blinds ainda não possuem um valor muito considerável.

Mas perceba que, à medida que o torneio progride, o stack de fichas torna-se cada vez mais importante. Os blinds chegam a um ponto em que o average do torneio gira em torno de 30 big blinds, não dando tanta margem assim pra todo mundo ficar se envolvendo em vários pots. É aí que entra também a importância da posição, pois fica cada vez mais efetivo de se aplicar pressão nos jogadores certos. Muitos dos sobreviventes se sentirão pressionados também pelo tempo que eles ja “perderam” jogando aquele torneio e isso mudará o estilo de jogo deles.

Eu particularmente gosto de começar a jogar de forma um pouco mais agressiva quando entram os antes, engordando assim os pots iniciais. Caso alguem não saiba, quando você tiver 10bbs ou menos, boa parte das vezes é push ou fold, 10-20bbs não é aconselhável fazer gracinha e arriscar o stack (muitos pros com 20bbs foldam TT utg, por exemplo), e 30 bbs pra cima já dá para se mecher. Procure aplicar a pressão sempre nos middle-stacks, pois os shortstacks podem ir all in com um número maior de mãos pelo fato de estar sendo “comido-vivo” pelos blinds, e os big stacks além de poderem te ferir muito caso algo dê errado, sentem menos a sua pressão por terem muitas fichas. Vou parar por aqui para não me alongar demais, e acredito que os principais conceitos já foram abordados de forma esclarecedora. Definitivamente, cedo ou tarde a combinação de sobrevivência em early stages e agressividade em late stages resultará em mais sucesso nos multitables.

Felipe Martins é estudante de economia, jogador de sng e mtt e jura que nunca teve ROI abaixo de 50%