Por Equipe CDP – 02/06/2007
Harrington on Hold’em – Volume 1
Dan Harrington
Suponhamos que eu diga que há um tipo de problema no no-limit hold’em que os bons jogadores passam muito tempo pensando sobre ele, mas os iniciantes raramente param para pensar sobre esse assunto. Você estaria interessado em saber que tipo de problema é esse? Estaria? Bom, então vamos lá.
Estamos no “turn”, você está jogando pelo pote contra apenas um adversário e você acredita que tem a melhor mão. Você tem duas oportunidades restantes para apostar, no “turn” e se seu oponente continuar pagando no “river”. Você gostaria de ganhar duas apostas ao invés de apenas uma, ou uma aposta ao invés de nenhuma. Qual é a melhor maneira para se jogar para que se consiga extrair o máximo de apostas de seu oponente?
Para a maioria dos jogadores iniciantes e muitos intermediários essa questão parece desinteressante. Suas idéias sobre o bom no limit hold’em é atuar como se tivesse uma mão fraca quando se tem uma mão muito forte, flopar “the nuts”, colocar todas as suas fichas no pote e então serem pagos e dobrarem tudo de uma vez. Quem se importa em ganhar míseras apostas extras em muitas mãos com potes medianos?
Bem, você deve se importar, pois ao longo de um torneio essas apostas extras aqui e ali aumentam muito suas fichas, fichas extras essas que o mantém vivo enquanto a maioria de seus adversários vai afundando. Se eu tiver conseguido lhe convencer de que esse tipo de jogada faz toda a diferença, vamos dar uma olhada em como elas acontecem.
Exemplo 1: Você está segurando A Q
,
E dá “raise” pré flop de uma posição intermediária (no meio da mesa) e é pago por apenas um jogador. Vocês dois tem muitas fichas. O flop vem:
Q 7
3
Você novamente aposta e é pago pelo adversário. Pelo que você conhece desse oponente, que é relativamente fraco, você acha que está com a mão melhor do que a dele no momento e imagina que ele deve ter na mão Q e um “kicker” baixo. No “turn” vem um 2. Como agir para tentar extrair o máximo de dinheiro dessa mão?
Note antes de tudo, que se seu oponente fosse um jogador forte, ele provavelmente não teria jogado essa mão dessa maneira. Segurando, vamos dizer QT, não se paga apenas no “flop”, pois você não saberá o que fazer caso haja outra aposta no “turn”. Você tem o par mais alto, mas isso é o suficiente ou você está com a pior mão? Você não sabe. A melhor jogada é tentar definir a mão com um “raise” no “flop”. Se isso o fizer levar o pote, ótimo. Se não o fizer ganhar o pote imediatamente, você quase que certamente estará perdendo. Em qualquer evento, a questão é definir rapidamente, e você não irá perder muito dinheiro na mão.
Mas nosso oponente não é um bom jogador, então ele apenas pagou e nós nos encontramos na situação acima.
Um bom modo para se começar é pensando: “O que de melhor podemos razoavelmente esperar fazer com essa mão”? Uma boa resposta é – duas apostas de tamanho moderado. Não há razão para se pensar que seu oponente irá pagar uma aposta muito grande com essa mão, no “turn” ou mesmo no “river”. Você mostrou força antes do “flop” e depois do “flop” e tudo que ele tem é o par mais alto com um kicker ruim. A não ser que ele seja muito ruim, ele não deverá perder muitas fichas com essa mão.
A melhor maneira para se proceder é apenas fazer uma aposta modesta no “turn”, uma que você saberá que será pago. Um bom número é algo entre 30% e 40% do pote. Com o pot odds que você estará dando, será difícil para alguém com “top pair” desistir, apesar do kicker baixo. Então, faça à mesma coisa no “river”. Tentar enganá-lo com “check” é muito perigoso, pois há muita chance de seu oponente também dar “check” para ver a outra carta gratuitamente.
Exemplo 2: Outra situação ocorre quando você acredita que ele tem um par menor do que seu par de damas. Vamos dizer que você esteja com a mesma mão do exemplo anterior e o mesmo “flop” apareça. Você lê seu oponente como se ele estivesse segurando um par de dez. Você aposta antes do “flop” e no “flop” e nas duas ocasiões você é pago. Qual é a jogada certa no “turn”?
Essa situação é um pouco mais complicada do que a do exemplo anterior. Você tem 3 jogadas.
1) Fazer uma grande aposta, entre ¾ do pote e o tamanho do pote. Essa jogada é conservadora e bastante razoável. Você impossibilita a carta gratuita e se dá uma grande chance de ganhar o pote nesse instante, mas diminui as chances de vencer com outra aposta no final. Eu gosto dessa opção se o bordo for moderavelmente perigoso.
2) “Check”. Essa é uma boa jogada se o bordo for muito perigoso ou muito ruim (como no exemplo). Se o bordo for perigoso, você não precisa necessariamente comprometer mais dinheiro com esse pote. Se o bordo for ruim e heterogêneo como no exemplo, você pode tentar enganar o adversário. Abrindo “check” você mostra fraqueza e é mais bem usado quando você acha que uma aposta no “turn” expulsará o seu oponente e um “check” mostrando fraqueza motivará o seu adversário a apostar no “river” quando a sua aposta mais parecerá um roubo de pote. Essa estratégia é também usada quando se tem posição favorável em relação ao seu oponente. A seqüência do “check” dele e do seu “check” depois do dele, faz sua única chance de apostar passar, ou seja, significa realmente fraqueza. Se você agir primeiro dando “check”, ele pode dar “check” e você sentir que ele está querendo evitar um “check-raise”. Nesse caso ele estará menos inclinado a concluir que você está com uma mão fraca.
3) Aposte apenas metade do pote. Isso geralmente não é uma jogada otimizada, já que se você tivesse uma clara idéia sobre a mão de seu oponente, você geralmente faria uma aposta maior ou daria “check”. Mas como parte de uma estratégia balanceada, é essencial fazer esse tipo de jogada de vez em quando. Lembre-se de que prevenir-se contra a leitura de seus padrões de apostas pelos seus oponentes é tão importante quanto fazer boas apostas.