Em qualquer roda de conversa sobre os maiores nomes da história do poker mundial, o nome de Stu Ungar certamente é mencionado. Isso porque “The Kid”, como é conhecido (graças à aparência jovial que sempre ostentou), tem uma das trajetórias mais memoráveis do esporte da mente em todos os tempos.
Isso se deve não somente aos grandes feitos nos principais torneios do mundo, mas também à conturbada vida pessoal que acabou ocasionando sua morte precoce aos 45 anos e interrompendo o que poderia ter sido uma carreira ainda mais memorável.
Do gin rummy ao poker
Filho de pais judeus, Stuart Errol Ungar nasceu em Nova York, nos Estados Unidos, em 1953. Ele se envolveu com o mundo dos jogos desde muito cedo, graças à sua inteligência acima da média. Em 1967, Stu se encontrou em uma situação complicada ao perder o pai, que morreu após um ataque cardíaco, e ver sua mãe ficar incapacitada em virtude de um derrame. A saída para assumir as responsabilidades da casa foi entrar no submundo da jogatina.
Stu se destacou desde sempre em uma modalidade bastante comum de cartas nos Estados Unidos nas décadas de 60 e 70, o gin rummy, sendo considerado um dos melhores jogadores de Nova York na época. Curiosamente, sua habilidade acima da média fez com que poucos se arriscassem a enfrentá-lo, o que prejudicou sua rentabilidade. Foi aí que ele migrou para outro jogo de cartas, o poker.
Sucesso na World Series of Poker
A ascensão de Stu Ungar no Texas Hold’em foi uma das mais repentinas da história. Ele disputou seu primeiro torneio oficial em 1980, de olho em grandes premiações. No mesmo ano, entrou no Main Event da World Series of Poker e surpreendeu Las Vegas ao vencer o torneio. Na ocasião, se tornou o mais novo a vencer a competição aos 27 anos – sendo superado por Phil Hellmuth anos mais tarde.
No ano seguinte, Ungar repetiu o feito e faturou mais uma vez o Main Event, igualando os feitos de Doyle Brunson e Johnny Moss, que também venceram o principal torneio da WSOP por duas vezes consecutivas na década de 70. Em 1981, ele ainda faturou um bracelete em um evento Deuce to Seven Draw.
Em 1983, seu quarto título na WSOP veio com uma conquista no Seven Card Stud, consolidando Stu Ungar como um dos grandes jogadores da década. Ele também colecionou títulos em campeonatos de renome, como o America’s Cup Of Poker e Amarillo Slim’s Superbowl Of Poker.
Vida pessoal conturbada
“No jogo da vida, Stu Ungar foi um perdedor”. Essa foi a definição encontrada por um de seus grandes amigos no poker, Mike Sexton, que acompanhou boa parte dos problemas que praticamente definiram a trajetória de Stu Ungar.
Desde muito cedo, o norte-americano esteve envolvido com o submundo dos jogos, com ligações com a máfia de Nova York. Além disso, ele chegou a ser banido de cassinos por sua habilidade em contar cartas no blackjack.
Outro aspecto que perseguiu Ungar por muito tempo foi seu vício em drogas, sobretudo cocaína. Essa compulsão se agravou a partir de 1979, quando sua mãe faleceu. Stu colecionou episódios negativos durante a carreira, como uma overdose durante a World Series of Poker de 1990, quando foi encontrado inconsciente no hotel – mas voltou a competir e chegou à mesa final.
Apesar dos vultuosos ganhos com o poker e outras modalidades, Stu jamais conseguiu usufruir de uma boa condição financeira em virtude do vício em drogas e apostas em corridas de cavalos e outros esportes. Para se ter uma ideia, ele nunca chegou a possuir uma conta bancária, já que todo dinheiro que entrava, rapidamente ia embora.
O retorno e o fim
Na década de 90, Stu Ungar ficou afastado dos principais torneios em decorrência de seu problema com narcóticos e dívidas. No entanto, em 1997, ele retornou à ativa para a disputa do Main Event da WSOP graças à ajuda de um amigo, que emprestou o valor do buy-in para o endividado jogador.
16 anos após conquistar seu último Main Event, Stu Ungar voltou a mostrar a habilidade e o estilo agressivo nas mesas e faturou o torneio, o que lhe rendeu a premiação de US$ 1 milhão e o quinto bracelete WSOP.
O que poderia significar uma retomada, no entanto, não passou de um último momento de brilho. Apesar das diversas tentativas de abandonar as drogas, Stu jamais conseguiu superar o vício. Em 1998, o lendário jogador foi encontrado morto em um hotel em Las Vegas, em uma condição de saúde extremamente prejudicada pelos anos de uso de narcóticos.
Legado
As polêmicas sempre cercaram a vida de “The Kid”, mas é sua grande habilidade como jogador de poker que o manterá entre os imortais da modalidade por muito tempo. Em 2001, três anos após sua morte, Stu Ungar foi incluído no hall da fama do esporte da mente. Seus ganhos com o poker superam a marca dos US$ 3 milhões.
Em 2003, o jogador ganhou um filme biográfico, “High Roller: The Stu Ungar Story”, dirigido por A. W. Vidmer. Coube a Michael Imperioli (mais famoso por seu papel na série The Sopranos, da HBO) dar vida a Stu no longa.
Dois anos mais tarde, Nolan Dalla e Peter Alson escreveram o livro “One of a Kind: The Rise and Fall of Stuey ‘the Kid’ Ungar, the World’s Greatest Poker Player” para contar a trajetória do jogador. A obra acabou adaptada em um documentário da ESPN, com entrevistas com familiares e amigos.
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Fonte: https://www.partypoker.com/blog/pt-br/os-altos-e-baixos-da-carreira-de-stu-ungar-no-poker.html