Pagando Raises com pares baixos

Artigo da PocketFives, tradução por Hbelloto

Um dos problemas enfrentados pelos jogadores de cash game de no limit hold’em é como se jogar com par baixo frente a um raise. O que falarei aqui é mais útil numa mesa de cash game com nove ou dez jogadores, do que numa 6-max, pois o leque de mãos jogadas por seus oponentes numa mesa com apenas seis jogadores será muito maior.

O “three betting” com par baixo numa 6-max geralmente será mais lucrativo pelo fato de que o leque de mãos que seu oponente possa ter, em média, não será suficiente para fazer frente ao seu “three bet”, devido ao perfil mais agressivo dos jogadores nesta mesa. Isso se aplica a todas as posições, não importando se você está no botão, no cut-off ou se seu adversário tem posição sobre você. O “three bet” na seis max deve gerar um valor significativo de fold equity, quando se está segurando um par. Entretanto, numa mesa “full ring” (de 9 ou 10 pessoas) e especialmente no jogo online teremos um cenário um pouco diferente. O estilo usual e o jeito de pensar e agir de um jogador de uma mesa full ring é claramente diferente de um jogador de seis max. 

Então, quando um típico jogador abre raise numa mesa “full ring” on line, seu “range” de mãos, ou seja, o leque de mãos que ele poderá ter, será um pouco mais conservador que o típico raise de um jogador de uma 6-max. Vamos dar uma olhada numa mesa de cash game online, para destacar o que eu quero dizer aqui.

JOGO:  NL200 (10 handed)
FICHAS DO AGRESSOR:  $272
SEU  STACK:  $213
BLINDS:  $1-$2

O jogador X abre raise para $6 de uma posição intermediária e você está no botão segurando um 4h 4d. Nessa situação, o 3-bet é de longe uma jogada mais perigosa do que seria numa 6-max, já que a mão de seu oponente passa por um field maior de jogadores e por conseguinte será mais forte na média. (dependendo do oponente, claro).

3-bet não é uma jogada ruim aqui numa mesa cheia, mas é ainda muito agressiva frente a um raise típico de um oponente numa posição mediana. A maneira de pensar em média de um jogador de mesa “full ring” NL200 não é nem de perto tão agressiva quanto a de um jogador médio de uma 6-max, então você dará 3-bet numa mão que na maioria das vezes não será “foldada”.

Se o 3-bet é um pouco agressivo demais, então a melhor escolha seria entre dar call e fold. Com $9 no pote até então e custando $6 para continuar no jogo, seu pot odds imediato é apenas 1.5-1 o que não é muito bom. Então, qualquer call aqui poderia ser baseado num implied odds e não no pot odds.

Há dois lugares para onde você deve olhar antes de considerar um “call” numa situação como essa que são o tamanho da sua pilha de fichas (stacks) e a do seu oponente e a relativa força de seu oponente também em termos de habilidade. Você deve atentar-se também se poderá ou não extrair mais dinheiro de seu adversário nos rounds subseqüentes de apostas.

Suas chances de blefe serão mínimas numa situação de heads up (isso se acabar em heads up) ou muito caras se você escolher seguir pagando seu oponente e tentar o blefe no turn ou mesmo no flop. Um erro comum é generalizar jogadores nos jogos baratos, porque a diversidade de habilidade na média é maior do que nos jogos caros.

Enquanto o stack de seu oponente é mais do que suficientemente grande o bastante para valer a pena o call (antes do flop aproximadamente 136 BB), seu implied odds não necessariamente será suficiente para valer a pena o call.

Agora você deve olhar outros fatores e um deles é a possibilidade de um dos jogadores que estão nos blinds também dar call. Você também deve considerar o tamanho do stack deles e o quão bem eles jogam.

Contra jogadores relativamente “pobres” de dinheiro, pagar mesmo com odds imediatos ruins pode se mostrar uma jogada lucrativa no longo prazo comparando-se a jogadores com moderada profundidade de fichas. 

Uma situação que eu percebo é que novatos se esforçam para saber como jogar melhor quando se tem par alto fora de posição. Eles parecem ficar bastante vulneráveis contra jogadores que tem posição contra eles. Um jogador abre raise numa NL200 para $7 e é pago pelo botão e pelo big blind e há agora $22 no pote. O agressor tem par de reis nas mãos.

O flop vem com 10c 9c 4d e você está sentado com seu par de quatro nas mãos. O jogador com o par de reis (agressor) percebe que com queda para flush e queda para sequencia ele precisa apostar algo substancial para livrar-se dos que estão esperando quedas e prefere apostar o valor do pote ($22). Você decide dar apenas call representando uma queda e arriscando, pois o big blind fala depois de você ($250 ele tem de stack).

Essa é uma jogada “faca de dois gumes”, se uma carta como um Jc vier no turn, a ação pode estancar, mas as vezes você consegue um incremento maior assim do que com um raise.

Você paga os $22 e o big blind dá fold e o pote agora é de $66. O turn é um 2d o que não completa nenhuma queda que seu oponente poderia estar pensando que você poderia estar esperando.

Agora que aparece o problema, pois o pote subiu para $66. Seu adversário não ficou feliz com a aposta no flop ter sido paga e agora ele tem um dilema. Ele deve dar ‘check’ mostrando fraqueza e arriscar dar uma carta gratuita ou deve apostar novamente fazendo você pagar pela sua queda? Muitos jogadores nesses níveis se encontrarão nessa situação e certamente na NL50 e na NL100, apostando para proteger suas mãos de mãos com quedas que eles pensam que seus oponentes têm. Essa é uma forte razão para dar call em raises oriundos de jogadores de médio à grande stack com par baixo à par médio nos jogos com mesas de 10 jogadores de no limit hold’em e baixos limites.