A teoria do Poker – Parte 10

Por HBELLO06/07/2006


THE FREE CARD

O conceito de free card é exatamente o de “carta gratuita”, ou seja, é uma carta que não custa uma aposta para ser vista. Esse conceito é aplicado nos jogos de hold’em e stud, pois há vários rounds de apostas.

No geral, quando se tem a melhor mão, você não irá querer dar a seu adversário uma carta gratuita, pois você o estará dando a chance de ver uma carta e tentar fazer uma mão melhor do que a sua sem ter que pagar por isso. Do mesmo modo que quando não se tem a melhor mão, você irá tentar ver uma carta gratuitamente para tentar levar aquele pote.

GIVING A FREE CARD

Ceder uma free card significa dar “check” numa mão onde você poderia apostar e quando se há ainda cartas por vir. Quando você sabe ou desconfia que tem a melhor mão, você tem que decidir se irá dar ou não a seu adversário uma “free card”. Nós vimos no último capítulo que quase nunca é certo ceder uma carta grátis quando o pote é grande. Você simplesmente deve ficar satisfeito com o que está no pote agora.

Vamos dizer que há $50 no pote e você dá “bet” $10, o seu oponente está tendo 6-1 odds. Ele é 5-1 favorito e deve dar “call”. Como vimos nos capítulos anteriores, dar a seu oponente uma “free card” é dar a ele odds infinito naquela rodada de apostas específica. O seu oponente precisa fazer zero de investimento para ter uma chance de vencer o que estiver no pote.

Quando não se é muito favorito, é ainda mais importante apostar ao invés de ceder uma carta gratuita. Vamos dizer que você tem 8 7 suited de espadas. O flop vem com 3 cartas de espadas. Com um pote modesto você já deve apostar mesmo achando que todos irão dar fold, pois você não deve dar a chance de que alguém que esteja, por exemplo, com um 10 de espadas faça um flush maior do que o seu no turn ou no river.

Você só deve dar check com seu flush se o pote for muito pequeno e você esperará ganhar mais disfarçando sua mão. Então caso não venha nenhum flush após o flop, seu lucro nos últimos rounds de apostas serão consideravelmente maiores do que você ganharia apostando no flop. Entretanto se alguma outra carta de espadas vier, prepare-se para abandonar esse pote.

Quando se tem uma chance de apostar e se tem uma mão decente, especialmente uma mão que você pensa ser a melhor mão, é quase sempre correto apostar. As únicas condições onde não se deve apostar são as seguintes:

1. O pote é muito pequeno em comparação ao que será nas próximas rodadas de apostas e você irá ganhar muito mais disfarçando sua mão.
2. Você acha que poderá usar o check-raise contra um adversário.
3. Sua mão é tão forte que vale a pena ceder uma carta grátis mesmo com um pote mediano.

GIVING OR NOT GIVING A FREE CARD IN PRACTICE

Veremos duas situações num jogo de hold’em para ver a diferença quando se deve apostar e quando se deve considerar dar “check”. Em ambos os casos tratam-se de um pote de tamanho mediano.

1. Você tem: J ( c )  J ( d ) 
FLOP: T( s )  T ( c )  3( h ) 

Com o par de valetes, você deve apostar e tentar levar o pote agora mesmo. Se você der a seus oponentes uma “free card” (com a sua melhor mão no momento), um ás, rei ou dama poderá aparecer no turn e você estará encrencado. Então, você não irá querer dar a seus adversários a chance disso acontecer e algum deles conseguir um par maior do que o seu. Mesmo que nenhum de seus adversários faça um par maior do que o seu, você dando “check”, dá a eles a chance de blefar com sucesso caso um ás, rei ou dama apareçam no bordo.

2. Agora você tem: A ( c )  A ( d )  com o mesmo flop.

Com um par de ases você deve considerar seriamente em dar “check” no flop. Nesse caso você não precisa temer nenhuma carta no turn ou no river como no primeiro caso (do par de valetes). Assumindo que ninguém tem os outros dois “dez” do baralho nas mãos, será lucrativo disfarçar sua mão para tentar lucrar mais nos próximos rounds de apostas. Não somente você não teme que apareçam reis, damas e valetes, como você irá querer que isso aconteça, pois atrai oponentes que façam pares com essas cartas e que estarão no caso com a segunda melhor mão.
O conceito básico a ser enfatizado é que você não deve dar ao seu oponente com uma carta pior do que a
sua, uma carta gratuita que poderá tornar a mão dele melhor do que a sua. Aposte sempre que tiver a melhor mão,
mesmo quando você achar que não vai ser pago.

GETTING A FREE CARD

Se não permitir que um adversário veja uma carta gratuitamente é importante, a mesma importância se
tem em ver uma carta gratuitamente quando você não tem a melhor mão. Essa carta gratuita pode tornar uma mão em que você daria “fold” em uma mão vencedora ou mesmo o fazer economizar uma aposta. Claro que receber uma “free card” de um jogador bom é muito difícil. Uma maneira de se fazer isso é colocar um pequeno “raise” nos primeiros rounds de apostas e esperar que todos dêem “check” em volta de você e então você poderá também dar “check”. Para se fazer essa jogada, você tem que estar certo de que atuará depois de seus oponentes no próximo round.

POSITION AND THE FREE CARD

Quando uma mão se reduz a dois jogadores, o jogador que age primeiro não consegue uma “free card” e sim o que age depois. Se você é o segundo a agir e o seu oponente deu “check”, você pode conseguir uma carta gratuita pedindo “check” também.Quando você pede “check” na primeira posição, você não está se dando uma carta gratuita, e sim a oferecendo a seu adversário. Ele que decidirá se apostará ou se irá ver a carta gratuitamente. Consequentemente, na primeira posição você terá que apostar algumas ãos que você não o faria caso estivesse na segunda, (posição), pois você não irá querer dar a chance a seu oponente dele abrir “check” por uma carta gratuita com uma mão pior do que a sua. Com uma mão marginal você deve apostar na primeira posição, especialmente quando você não teme um “raise”.

GIVING OR NOT GIVING A FREE CARD WITH A MARGINAL HAND

Os fatores a serem considerados quando se deve decidir em apostar com uma mão marginal:

1. Suas chances de ter a melhor mão
2. As chances de uma próxima carta vir a dar a seu adversário a melhor mão
3. O tamanho do pote

Quanto maior o pote e as chances de seu adversário fazer uma mão melhor do que a sua na próxima carta mais razões você tem para apostar.

Vamos a um exemplo prático:

FLOP: J ( c )  7 ( s )  3 ( h ) .
Sua mão 1 : A ( s )  7 ( c ) 
Sua mão 2 : 8 ( d )  8 ( s ) 

Com qual das duas mãos você tende mais a apostar? Você está em melhor situação na mão 1 do que na mão 2, pois há 5 cartas que podem melhorar a sua mão 1 (3 “ases” e 2 “setes”) enquanto apenas duas cartas remanescentes irão melhorar a sua mão 2 (os outros dois “oitos”). A partir do momento em que você tem mais maneiras de melhorar a sua mão e ganhar de quem, por exemplo, tem par de valetes, você estará mais inclinado a apostar com o A7.

Quando você está decidindo em apostar ou não e estiver temeroso em cometer um erro, você deve manter em mente um principio muito importante: Um erro que custa o pote é uma catástrofe, especialmente se o pote for grande, enquanto um erro que custa apenas um “bet” não. Quando estiver em dúvida, esteja certo de que não está cometendo um erro que custe o pote. Dar “check” e a oportunidade ao seu oponente de ver uma carta gratuitamente e dele fazer uma melhor mão pode custar o pote. Entretanto apostar e ser pago por uma mão melhor custa somente aquela aposta. Então o único momento para se conceder “free card” é quando a sua mão é tão forte que o risco de ser batido pelo oponente após a carta gratuita ser colocada na mesa seja mínimo e escondendo seu jogo para lucrar muito mais nas próximas rodadas de apostas daquela mão.