Jacks

Por Equipe CDP26/04/2006

Artigo original de LOU KRIEGER em CardPlayer.com
Traduzido por HBELLO
26/04/2006

Quando se está jogando Texas Hold’em não há mão inicial mais controversa e polêmica do que Jacks, ou seja, um par de valetes (JJ). Eles são abençoados e são uma praga ao mesmo tempo e jogá-los não é tão fácil quanto parece à primeira vista. Há uma máxima nas mesas de poker que o par de valetes sempre perde ou que é uma mão que transmite uma confiança acima do que realmente ela representa. Quando se está jogando o no-limit hold’em, é sempre arriscado jogar com par de valetes, pois eles são muito vulneráveis.

Num campeonato no-limit, um par de valetes é muito vulnerável, pois pode se desperdiçar todas as suas fichas numa mão onde geralmente na melhor das hipóteses você consegue um coin flip.

Numa no-limit hold’em, a reação padrão de muitos jogadores é dar “raise” com um par de valetes, sem se preocupar com a sua posição na mesa. Apesar de tudo é uma das melhores mãos que se pode receber pré-flop e se algum oponente tiver uma mão melhor e der “reraise”, bem, você provavelmente perde um pouco de fichas, mas não o suficiente para arrasá-lo, a não ser que você entre numa guerra de raises até a morte.

Num campeonato você sempre deve considerar o quão grande é sua pilha de fichas, se você pode permitir-se ou não dar “call” num “reraise” e o quanto em fichas você quer colocar em risco numa mão que é tão forte quanto vulnerável. Quando se tem poucas fichas e se está querendo se colocar de pé de novo, tudo que se tem a fazer com um “pocket pair of jacks” é empurrar todas as suas fichas para o pote e suar frio. Se você já estiver com quase todas as fichas da mesa, também não será uma decisão difícil. Apenas force qualquer um com poucas fichas e que já está lutando pelo pote a comprometer todas as suas fichas nessa mão ou a dar “fold” no seu “raise”. Depois disso você pode “entubar” o prejuízo sem maiores problemas ou mesmo se seu JJ não for a melhor mão até o momento, ela pode vir a melhorar.

Mas não vamos nos concentrar nessas situações extremas. Algumas simulações foram feitas com um par de valetes para se ter noção exata da força intrínseca dessa mão tão controversa. Então usei essas informações para se pensar em como jogar com um JJ em várias circunstâncias. Muitas mãos do hold’em são “flop-dependentes” e os Jacks não são diferentes. Por um preço de uma pequena aposta, os jogadores de hold’em têm 71% de sua mão no flop e esse é um bom preço para se jogar mãos marginais como essa caso a aposta seja pequena.

Eu simulei nove jogadores numa mesa e dei a um deles J(hearts) J (clubs). Na primeira simulação (cada uma foi feita 500.000 vezes!), o bordo foi T(spades), 6 (Diamonds) 2 (clubs), o que minimizaria quedas para flushes e seqüências e não continha uma overcard aos “valentões”. Nessa situação, os JJ venceram mais do que 20% dos confrontos, e os outras 8 mãos venceram praticamente 10% cada.

Mas o que aconteceria se você tivesse dado “raise” com um JJ e uma overcard tivesse caído no flop? Outra simulação foi feita com o seguinte bordo: Q 6 2. Com uma overcard no bordo, os valentões venceram 14% dos confrontos e as outras 8 mãos 10,75% cada. O par de valetes perdeu força, pois a overcard (Q) por várias vezes beneficiou pelo menos um dos outros 8 jogadores.

Em uma terceira simulação, duas overcards apareceram no bordo, dando 9,6% dos confrontos para os “valentões” e mais de 11% para cada uma das outras mãos, fazendo do JJ um underdog distinto nesse caso.

Na quarta e última simulação 3 overcards apareceram no bordo e os nossos amigos Jacks venceram perto de 13% das vezes contra um pouco menos de 11% para cada uma das outras 8 mãos. Na verdade o par de valetes não venceu as outras 8 mãos nesse caso, na maioria das vezes o pote foi splitado. (dividido).

Resumo das Simulações:

– Jacks sem overcards flop: vence 20% das vezes, cada uma das outras 8 mãos leva 9,9%.
– Jacks com 1 overcard flop vence 14% das vezes, cada uma das outras 8 mãos leva 10,75%.
– Jacks com 2 overcards flop vence 9,6% das vezes, cada uma das outras 8 mãos leva 11,25%.
– Jacks com 3 overcards flop vence 12,9% das vezes, cada uma das outras 8 mãos leva perto de 11%.

No mundo real, numa disputa por um pote com menos do que nove jogadores, provavelmente dois ou três, o par de valetes terá sua porcentagem aumentada.

Os Jacks são muito dependentes do flop e o melhor nessa situação é um flop sem overcards. Na simulação racional todas as overcards são igualmente perigosas, mas no mundo real isso muda um pouco de figura. Você verá muito mais jogadores jogando mãos como A-7 off, A5 suited, mas raramente verá alguém jogando com Q-7 ou Q5 suited.

A questão é clara. Se você tem um JJ em mãos, seja cauteloso se o flop tiver um rei ou uma dama, porém seja mais cauteloso ainda se tiver um ás. Caso você abra “raise” pré flop e se depare com uma overcard não necessariamente é o fim do mundo. Quando se está em heads up ou enfrentando dois oponentes, as chances de uma overcard favorecer seu oponente é menor do que se você estivesse envolvido num pote com vários oponentes, onde você pode assumir facilmente que qualquer flop irá ajudar pelo menos algum de seus adversários.

Se você se deparar com um flop com duas ou três overcards a situação é ainda pior do que na simulação. Qualquer um de seus oponentes caso esteja apostando ou apenas te pagando tem muita chance de ter pelo menos uma dessas overcards ou uma queda para uma grande mão. Enquanto uma overcard pode ser perigosa, duas ou três podem tirar totalmente a força do seu par de valetes.

Num campeonato no-limit, um par de valetes é muito vulnerável, pois pode se desperdiçar todas as suas fichas numa mão onde geralmente na melhor das hipóteses você consegue um coin flip.
Caso tenha pouquíssimas fichas e precise sobreviver roubando blinds, vá em frente e dê all in com seu JJ. Quando se está precisando colocar-se de pé e voltar para o jogo um par de valetes é melhor do que muitas mãos. Mesmo que você seja pago por um A-Q, você ainda é favorito por uma pequena margem.

Mas se você não estiver nesse ponto onde arriscar todas as suas fichas seja a única saída, você provavelmente deve dar um “raise” padrão com seu JJ, suficiente para caso seja preciso você possa abandonar o navio pós flop sem se machucar muito.

A questão não é muito sobre a força intrínseca do par de valetes e sim em como a textura do flop e o impacto das apostas de seus oponentes na qualidade da sua mão afeta sua decisão de continuar ou não jogando. Então quando se deparar com o polêmico JJ, ative suas informações, fique de olho nas apostas, nos sinais dos narizes, aja de acordo e boa sorte!