Resumo de Aruba

Por Christian Kruel02/10/2005

Olá pessoal,
Como o Raul disse no seu post, eu fui eliminado do main event na etapa do WPT em Aruba do WPT. Pois é, foi de fato frustrante, principalmente pela maneira como aconteceu. Precisei de uns 2 dias para “respirar” e dividir com vocês detalhes sobre essse interessante torneio.

A inscrição era de 5200$ dólares e circulavam pelos salões todos os top players atuais do circuito mundial. As expectativas eram muito grandes para 2ª, 3ª e 4ª feira, já que cada dia desses representaria o “DAY 1” para cada de grupos de jogadores. Apenas na 5ª feira os “sobreviventes” de cada DAY 1 se cruzariam para o início do DAY 2. A WPT final six table seria no sábado, 01/10. Fora toda essa apreensão, o que havia no cenário era uma linda paisagem, inspiradora, que renova a alma de qualquer ser humano.

Fui sorteado para ter meu “DAY 1” na 3ª feira e, sendo assim, segunda-feira foi mais um dia de grande expectativa para mim.

Finalmente na 3ª feira com 10,000 fichas, blinds 25-50 e levels com duração de 1 hora, começava para mim mais uma etapa do WPT. Eu estava muito ansioso, pois nos últimos meses eu e Raul desenvolvemos muito nosso jogo de multitables tournaments, principalmente a estratégia nos blinds caros. Então, vamos ao jogo!

Nos primeiros 30-40 minutos, joguei muito “tight”, pois queria entender “quem era quem” na mesa e ver como Eric Seidel, que era o grande profissa renomado na minha mesa, iria “conduzir o jogo” , e como eu iria ajustar meu jogo para tentar derrubá-lo.

Percebi nesse level 1 do torneio que minha mesa estava ultra-tight, ou seja, ninguém estava abrindo raise sem algum jogo forte. O Eric Seidel era o único a aproveitar os “Gaps” na mesa, e mesmo assim só de vez em quando… se tiverem dúvidas sobre o GAP, procure meu artigo sobre GAP CONCEPT. Resolvi partir para uma estratégia agressiva visando tentar “controlar a mesa”, jogando mais flops, abrindo muitos raises nos gaps, e tentando levar as maos no pós-flop. Nesse estilo, oscilei ente 7000 e 13000 fichas por algumas vezes. Mas quando eu tinha umas 8000 fichas a seguinte mão aconteceu contra o Eric Seidel:

Com blinds 100-200, Eric Seidel era o terceiro falar e entra de “limp”, ou seja, dá call 200 fichas, todo mundo dá fold, ate chegar minha vez, e eu era o 7º a falar numa mesa de 10 pessoas. Com o objetivo de me “isolar” como Dealer na posição, ou seja, ser o último a falar dei raise 800$ com meu K-J, uma mão razoável , e consegui. Todos os jogadores seguintes deram fold e ficamos apenas eu e Seidel na mão, sendo eu o último a falar.

O Flop veio: K-T-5, sendo duas cartas de espadas. Seidel abriu check e eu dei bet 1200$, ele me voltou Raise 3400$ num check-raise, e eu pedi “time”. Pensei, pensei, e achei que por ele ter entrado de call, ele podia ter 5-5 -5 ou, quem sabe, K-T, K-Q, até A-K, A-A, K-K entrando de call, pois Seidel sabe que seu raise raramente será pago pelo seus oponentes e, na pior das hipóteses, achei que ele poderia ter uma puxada para flush. Resolvi dar fold, pois não quis pôr em jogo meu torneio naquela altura com aquela mão… O que ele tinha, não saberei nessa vida, mas pagaria caro para saber!

O jogo seguiu, fiquei com exatamente 5025$ fichas, quando outra mão fundamental ocorreu:

Com Blinds ainda de 100-200, o “UTG” – primeiro a falar – entra de “limp!, ou seja, call 200, o segundo a falar faz o mesmo e dá call 200, eu olho para minhas cartas e vejo 4-4, sendo assim faço o mesmo dando call 200 também, todos os outros dão fold, e Eric Seidel no Button position (último a falar) também dá call.

Cartas na mesa:

Temos 8-4-2 “rainbow”, ou seja, uma carta de cada naipe. WOW! Havia flopado 4-4-4 e estava me sentindo absoluto, lógico, só perderia para 8-8-8, o que seria muito azar!

Ao começar as apostas o primeiro a falar dispara um bet forte de 1500$ e o segundo a falar, que era um jogador sueco e muito “sólido”, dá call 1500$ imediatamente, eu segui me sentindo absoluto e paguei o 1500$ e dei raise mais 2775$, visando atrair todos os jogadores para o pote. Eric Seidel pensa e dá fold, o primeiro a falar volta all in imediatamente e o sueco pede “time” para o dealer. Após pensar quase 5 minutos, ele dá all in por cima do primeiro a falar e eu imediatamente dou call. Eles abrem J-J e A-A, respectivamente, e minha trinca de quatro sobrevive, me levando a quase 16,000$ fichas e me deixando numa situação privelegiada na mesa, sendo o mais agressivo e com mais fichas.

Torneio seguindo, continuei com meu estilo tendo nesse momento mais força em fichas e mais moral, o que é sempre muito importante.

Não muito tempo após minha trinca de quatro outra mão interessante e fatal ocorreu mais uma vez contra Eric Seidel:

Blinds agora eram de 150-300, com ante 25. Eric Seidel começava a se mostrar mais agressivo, tendo em vista que agora uma “roubada” de blinds gerava um lucro de 700$ fichas, e assim poucos “gaps” eram “aliviados” por mim e Eric Seidel.

Todo mundo dá fold até Seidel, que é o último a falar e está no button position. Ele abre raise de 1050$ total e eu no Big blind choro minhas cartas e vejo um lindo K-K, par de reis! Finjo que penso um pouco, e na verdade penso mesmo, se dou apenas call ou volto raise. Mas como estava sendo agressivo tempo inteiro, resolvi voltar re-raise, pois achei que Eric poderia dar call. E foi o que aconteceu: voltei re-raise 3275$, Seidel pensou e completou meu raise. Cartas ne mesa:

O flop vem T-6-4, de novo rainbow, ou seja uma de cada naipe.

Agora eu realmente penso … “abro check, para tentar um check raise, ou dou bet forte, tentando parecer que estava querendo comprar cedo o pote?”” Optei pela 2ª opção, pois achei que abrir check seria arriscado, pois Seidel é esperto e poderia dar check também. Sendo assim disparei bet 4500$… Eric Seidel pensa, pensa, pensa, e me volta raise 9500$, ou seja, 5000$ fichas a mais para mim e eu IMEDIATAMENTE, declaro “Im all in”, quando Seidel resolve se manifestar e dizer a bela frase: “ I knew you had me all the time, but now I just have to call” com suas duas bochechas vermelhas… eu abri meu K-K e ele abre A-T, ou seja par de dez com A de kicker. Quando vem o turn card, ou seja, a 4ª carta, meu coração pára por uns 2 minutos, pois a carta era um As preto, me deixando apenas com 2 outs no river, que logicamente não vieram. Realmente frustrante sair dessa forma, pois no flop eu tinha 76% contra apenas 24% de chance de Seidel, por um pote que me diexaria provavelmente entre os Top 10 do meu dia….

Pois é, faz parte do jogo e agora só me resta continuar focado e treinando, porque uma hora o títulto vai chegar !!!

Abraços

CK